Meninas hoje, mulheres amanhã
Há alguns dias atrás estava conversando com minha filha e duas de suas colegas de escola, todas com doze anos e alunas do sétimo ano de escolaridade ou 6ª série, como era conhecida. O papo era sobre um trabalho que deveriam fazer para a disciplina de História, que envolvia o papel da mulher no casamento e na sociedade, no período que vai do século X ao IX. O tema me chamou a atenção, já que na minha época de escola isso jamais foi abordado em sala de aula, o que demonstra que em 30 anos algumas coisas mudaram na área educacional do país. Mas apenas algumas coisas...
Pesquisamos alguns artigos na internet para complementar o material fornecido na escola e indiquei um para leitura, intitulado “O Anti-feminismo na história”, escrito pelo professor e historiador Augusto Buonicore. O texto, que focaliza a opressão à mulher desde a Grécia antiga até os dias atuais, inicia-se com uma frase atribuída a Napoleão Bonaparte, imperador francês: “A mulher é nossa propriedade e nós não somos propriedade dela (...). Ela é, pois, propriedade, tal qual a árvore frutífera é propriedade do jardineiro”. O autor do texto recomendava ainda a audição da música “Mulheres de Atenas”, de autoria de Chico Buarque e Pedro Boal, e que fosse feita uma interpretação da letra. Após a leitura do texto e da audição e interpretação da ótima letra, pude perceber claramente pelos comentários feitos a perplexidade das meninas pela forma como as mulheres vêm sendo tratadas ao longo dos séculos. Após essa análise e discussão do assunto, elas realizaram o trabalho.
Com base no que foi observado nessa atividade, vale a pena interrogar-se sobre alguns pontos: qual é o número de mulheres existentes nos dias atuais com o perfil retratado na letra de Chico? Quantas mulheres são submissas aos seus maridos, a esse “sistema”? Quantas são as que sofrem agressões físicas ou morais, seja em casa, no trabalho ou outros ambientes, mas não expõem o problema por temerem represálias? Quantas deixam de ir a uma Delegacia da Mulher, denunciando a forma de agir equivocada de uma fatia da sociedade, cujo desconfiômetro está desligado há muito tempo? Mesmo tendo conseguido melhorar sua condição e obtido direitos importantes ao longo da história da humanidade, a mulher ainda não conseguiu emancipar-se de forma plena, coisa que pelo visto só se concretizará em momentos futuros de nossa “civilização”.
Ao ver minha filha crescendo, vejo como é necessário para os pais fazerem com que a menina de hoje se torne a mulher do amanhã, com consciência cidadã e com a certeza de que não pode aceitar ser discriminada simplesmente pelo fato de ser mulher.
Para mim uma coisa é certa: Napoleão Bonaparte pode ter sido um brilhante estrategista militar, mas com relação aos direitos das mulheres, estava completamente enganado.
Alfredo Luiz Pessanha Manhães
Pesquisamos alguns artigos na internet para complementar o material fornecido na escola e indiquei um para leitura, intitulado “O Anti-feminismo na história”, escrito pelo professor e historiador Augusto Buonicore. O texto, que focaliza a opressão à mulher desde a Grécia antiga até os dias atuais, inicia-se com uma frase atribuída a Napoleão Bonaparte, imperador francês: “A mulher é nossa propriedade e nós não somos propriedade dela (...). Ela é, pois, propriedade, tal qual a árvore frutífera é propriedade do jardineiro”. O autor do texto recomendava ainda a audição da música “Mulheres de Atenas”, de autoria de Chico Buarque e Pedro Boal, e que fosse feita uma interpretação da letra. Após a leitura do texto e da audição e interpretação da ótima letra, pude perceber claramente pelos comentários feitos a perplexidade das meninas pela forma como as mulheres vêm sendo tratadas ao longo dos séculos. Após essa análise e discussão do assunto, elas realizaram o trabalho.
Com base no que foi observado nessa atividade, vale a pena interrogar-se sobre alguns pontos: qual é o número de mulheres existentes nos dias atuais com o perfil retratado na letra de Chico? Quantas mulheres são submissas aos seus maridos, a esse “sistema”? Quantas são as que sofrem agressões físicas ou morais, seja em casa, no trabalho ou outros ambientes, mas não expõem o problema por temerem represálias? Quantas deixam de ir a uma Delegacia da Mulher, denunciando a forma de agir equivocada de uma fatia da sociedade, cujo desconfiômetro está desligado há muito tempo? Mesmo tendo conseguido melhorar sua condição e obtido direitos importantes ao longo da história da humanidade, a mulher ainda não conseguiu emancipar-se de forma plena, coisa que pelo visto só se concretizará em momentos futuros de nossa “civilização”.
Ao ver minha filha crescendo, vejo como é necessário para os pais fazerem com que a menina de hoje se torne a mulher do amanhã, com consciência cidadã e com a certeza de que não pode aceitar ser discriminada simplesmente pelo fato de ser mulher.
Para mim uma coisa é certa: Napoleão Bonaparte pode ter sido um brilhante estrategista militar, mas com relação aos direitos das mulheres, estava completamente enganado.
Alfredo Luiz Pessanha Manhães
2 Comentários:
Caro Alfredo Manhães,
Estamos todos de parabéns por poder contarmos com este espaço, de textos recheados de emoções e sabedoria.
Desejo a você de coração, boa sorte nessa nova jornada, onde as suas idéias serão compartilhadas com milhares de mentes a espera de uma boa leitura.
Parabéns ao Jornal Rebate que nos brinda com a cultura deste grande macaense.
Abraços, Carlos França - Rio de Janeiro - RJ
Por prof.carlosfranca, às 25 de abril de 2007 às 13:35
Caro amigo França,
Obrigado pelas palavras. Espero fazer justiça a elas.
Grande abraço.
Por Alfredo Manhães, às 25 de abril de 2007 às 20:46
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