O Coração e a Pluma
A história do Egito e de seu povo é fascinante e apaixonante sob vários aspectos. Desde que o pesquisador francês François Champollion decifrou a escrita hieroglífica na famosa Pedra da Roseta (século XIX), inúmeras riquezas afloram do grande manancial de sabedoria desse povo, influenciando na ciência, cultura, religiosidade e outras áreas. É bom lembrar que a Egiptologia foi criada na França pelo próprio Champollion no Collège de France.
Embora não seja historiador, gosto muito do tema e em algumas pesquisas sobre a mitologia egípcia e sua relação com a religiosidade dessa civilização da antiguidade, encontrei algo curioso sobre um de seus deuses, Osíris.
O nome Osíris é um termo grego, que teria vindo de nomes como Asar, Use, Usir, Usire, Unnefer ("o que é bom"), mas não se sabe ao certo o seu real significado. Osíris é reconhecido como o deus da terra, da agricultura e da ressurreição. Sua representação mais comum apresenta a pele verde, associada a vegetação, e a túnica branca.
Segundo o Livro dos Mortos, o indivíduo recém chegado ao mundo espiritual passava pelo Aukert (mundo subterrâneo) e depois seguia em direção ao Amenti, morada de Osíris, onde seria julgado.
O julgamento de Osíris consistia em comparar o peso do coração do morto com uma pluma de avestruz, utilizando uma balança de pratos, cerimônia da qual participavam Anúbis (representado com a cabeça de chacal), o deus da morte, Hórus (representado com a cabeça de falcão), deus dos céus e da realeza, e mais alguns deuses. Assim como os pesos em cada prato da balança podem se equilibrar ou fazer com que ela penda para um dos lados, se o coração se equilibra com o peso da pluma, significa que o indivíduo foi uma pessoa de coração puro e bondoso, e não cometeu erros que o afastariam da caminhada para a vida eterna no Campo da Paz, e a felicidade.
Por outro lado, se o coração for mais pesado que a pluma, significa que essa pessoa não foi respeitosa, honesta e confiável, e assim não poderia seguir o caminho da eternidade. Para Osíris, cujo julgamento era infalível, quanto mais puro o coração, mais justo havia sido o indivíduo. Quanto mais impuro, mais distante da verdadeira essência dos propósitos da vida.
Embora essa passagem faça parte da mitologia egípcia, é possível aplicá-la em nossas vidas. Quantos de nós carregamos o fardo pesado de um coração endurecido e intransigente, que não perdoa, não se amolece diante das necessidades de outros, distante dos caminhos que levariam ao ideal do "homem integral", aquele que está em ressonância com a energia criadora do cosmo. Quantos julgam seus semelhantes, sem que tenham a mínima condição ética e moral para exercer tal tarefa.
Hoje meu coração estava "um chumbo" de tão pesado, e pensando nessas coisas procurei fazer a lição de casa. Escrevi para alguém que não vejo há dois anos, e é uma pessoa da qual me afastei por ter deixado meu orgulho ser muito mais forte que a razão. Bem, fiz a minha parte pedindo desculpas...quem sabe até eu seja perdoado?
Que tal ir para a cama com o coração leve? Amando mais, perdoando mais, compreendendo mais, ouvindo mais, falando menos, enfim, repensando atitudes e modificando o padrão mental. Não é fácil mas é possível, e vale a pena tentar. Essa é a dica milenar, porém muito atual, da mitologia egípcia e do sábio deus Osíris.
Até a próxima!
7 Comentários:
Sigamos entao deixando sempre nossos coracoes leves como a pluma!! Parabens Alfredo, muito bom o texto...
Por Unknown, às 16 de fevereiro de 2009 às 02:28
O perdão faz mais bem a quem o dá, do quê a quem o pede. Na mudança de atitude a gente molda o futuro, e quem sabe nossos corações não se equiparem no peso à pluma?
Abraço e ótima semana.
Por Unknown, às 16 de fevereiro de 2009 às 03:38
Bem, realmente devemos ter equilibrio em todas as nossas atitudes, e se errar, apenas aprender com essa lição!!! Prof. Alfredo parabens, sempre acesso seu site, leio sempre seus emails..parabens pelo trabalho de sempre querer ensinar...rs..abçs..Fabi!
Por Marketing, às 16 de fevereiro de 2009 às 04:13
"Todos os títulos de fraternidade e benemerência são veneráveis, mas, o coração que se une ao Cristo e se converte em luz para todos os companheiros da romagem terrestre é, sem contestação, o autor feliz da caridade maior."
ANDRÉ LUIZ
Parabéns professor Alfredo! Excelente a sua crônica ...
Por Carlos Damião, às 16 de fevereiro de 2009 às 04:23
Com certeza, devemos procurar ter sempre corações leves, principalmente no que diz respeito a mágoas....
Amar cada vez mais é preciso.
Parabéns Alfredo pelo belo texto!
Por Unknown, às 17 de fevereiro de 2009 às 03:59
Este comentário foi removido pelo autor.
Por Unknown, às 17 de fevereiro de 2009 às 04:00
Este texto serviu muito pra mim, principalmente hoje, que estava (passado) com o coração pesado e agora estou mais leve. Parabéns.
JORGE LUIZ DE OLIVEIRA MACHADO 30/04/2010.
Por Unknown, às 30 de abril de 2010 às 13:27
Postar um comentário
<< Home