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terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Quarta Onda

O escritor Alvin Tofler, no seu livro A Terceira Onda, oferece uma interpretação para grandes mudanças vivenciadas pela humanidade ao longo da história, apresentando a teoria ou a visão de que no passado a civilização teria vivenciado duas grandes revoluções ou “ondas”: a agrícola e a industrial.

A primeira onda, segundo sua teoria, iniciou-se no momento em que a civilização humana deixou os hábitos típicos do nomadismo, por volta de 10.000 anos atrás, e se tornou agrícola, adotando o sedentarismo. Ela durou, aproximadamente, até o século XVII.

A segunda onda veio em meados do século XVIII, quando iniciou-se na Inglaterra a Revolução Industrial, impulsionada pelos interesses de uma burguesia que buscava o lucro a partir da manufatura de produtos.

O mundo estaria, em nosso momento atual, passando por uma terceira onda, a da Sociedade da Informação, fundamentada em novos paradigmas e no estado-da-arte das tecnologias. Essa onda teve início em meados do século XX, onde informação e conhecimento passaram a ser uma forma de domínio por parte de países ou organizações. Computadores, biotecnologia, inteligência artificial, Projeto Genoma, clonagem e outros termos comuns em nosso dia-a-dia fazem parte desse cenário.

Pois bem, haveria uma quarta onda chegando? Como o livro do Tofler foi escrito em 1980 arrisco dizer que sim, e essa onda já chegou: é a era dos descartáveis!

O mundo vive atualmente a moda dos produtos descartáveis: fraldas, seringas, canudinhos, embalagens de alimentos, copos plásticos, toalhas de papel, luvas de borracha, pratos, talheres e uma lista interminável de objetos. Há quem defenda suas vantagens e há quem diga o contrário. Dizem que os descartáveis vieram para ficar...será? E o lixo gerado por essa geração de produtos, como fica?

Bem, polêmicas à parte, entendo que enquanto o conceito de descartável estava sendo aplicado apenas a produtos e utensílios, tudo bem. Percebo no entanto que adotou-se essa idéia em outras áreas, e como exemplo, basta ver muitos dos casamentos de hoje.

O casamento, como visto atualmente, parece se encaixar bem no conceito de descartável, e o casal já inicia sua vida em comum ouvindo a frase "se não der certo, separa". O exercício pleno de respeito, tolerância, paciência e amor propiciado pela relação dá muito trabalho, e a relação que poderia ser duradoura (até que a morte os separe) acaba rapidamente quando as partes não tem interesse em ceder. E assim vão aumentando as estatísticas de separações. Logicamente que há casos em que agressões e outras condutas ruins não justificam a união, mas isso é uma outra história.

Outro bom exemplo bastante interessante são os relacionamentos como o tal do "ficar", dos contatos virtuais, do sexo cibernético. Mas para que seriedade com essas coisas? Basta ficar com um ou com outro e tudo certo...será mesmo? As relações sexuais que deveriam ser praticadas com responsabilidade e amor, tornaram-se um nada, apenas para satisfazer prazeres momentâneos e são banalizadas pelas novelas, jornais e outros instrumentos de comunicação. Li outro dia num site que, assim como há a fast-food, há o fast-sex. Que coisa, não?!

O mais triste nisso tudo é ver como os seres humanos, no afã de serem "felizes", muitas vezes usam os outros sem nenhuma reserva e depois os descartam, como se isso fosse uma coisa comum. Parece até que a felicidade é um artigo manufaturado, comprado na prateleira do supermercado.

E como diz o poeta Lulu Santos: assim caminha a humanidade/com passos de formiga e sem vontade.

Até a próxima!